Resenha: Chobits #01

Em maio, a editora JBC relançou Chobits, mangá do aclamado grupo CLAMP, porém o preço de R$ 16,90 não agradou a muitas pessoas. Mas será que o mangá não compensa realmente o valor? Temos uma opinião a dar a vocês.

chobits 01 de novo

Quem vos fala é um Clamp-fanático e, talvez, a minha opinião seja embaçada pelo meu gosto pessoal, mas tentarei ser o mais imparcial possível. Sim, possuo a primeira versão de Chobits e essa nova está muito melhor, mas muito mesmo. Nesta postagem, no entanto, não farei comparações entre as duas versões, me limitarei a falar do espetáculo que está a  nova versão. Vamos lá:

I

Questões técnicas: Chobits é publicado em papel off-set e possui páginas coloridas em todos os volumes. Algumas pessoas não sabem, mas o papel off-set é, por natureza, mais caro que o papel brite usado regularmente por JBC e Panini. Além disso, as páginas coloridas do mangá são impressas em um papel também diferente e ainda mais caro que o off-set, o papel couché.

Muita gente não gosta do papel couché por ser pouco maleável, mas ele é o que mais tem qualidade de impressão e fica perfeito tanto para páginas coloridas, quanto para preto e branco. Não há muito mais o que se falar. O acabamento é muito bom e a gramatura está bem adequada. Com essas especificações e dado que tudo tem subido de preço nos últimos tempos, consideramos o valor de R$ 16,90, como um valor justo a se pagar pelo mangá.

O único porém da primeira edição foi a ausência de um índice, mas isso não chega a incomodar…

II

Pela qualidade física o mangá vale o preço, mas e a qualidade da história? É aí que a coisa complica. Tudo depende de seu gosto. Clamp, para muita gente, é sinônimo de mangás “para garotas”, é sinônimo de shoujo. E isso está longe de ser uma verdade. Tudo bem que as obras mais famosas do grupo no Brasil são shoujos de renome, mas as senhorinhas  fazem histórias para todas as demografias.

chobits imagem 1
Hideki observando uma conhecida…

Chobits é um seinen que foca na vida do jovem Hideki, um estudante de cursinho que um belo dia encontra uma Persocom jogada no lixo. Persocoms são computadores pessoais que se parecem e agem como humanos, diferenciando-se de nós apenas pelas orelhas. Hideki dá o nome de Chi à sua persocom, pois inicialmente ela só conseguia dizer essa sílaba. Buscando saber mais sobre Chi, Hideki descobre que sua persocom pode ser um computador lendário, chamado de Chobits, que teria a capacidade de agir e pensar como um ser humano sem que um programa estivesse instalado nele. A partir dessa premissa, a história se desenvolve de modo gradativo, com pessoas querendo capturar a Chi, romances incompreendidos, medos e emoções.

A história se foca basicamente em dois pontos, o lado ficção científica e o lado comédia, com pitadas de romance. Se você gosta de ficção científica talvez esse não seja o melhor mangá para você. Chobits explora de maneira muito boa a relação humano versus máquina, aborda o casamento entre o humano e uma persocom de uma maneira sensível e positiva, mas a parte de ficção científica acaba perdendo terreno, ora para o romance, ora para a comédia. Há ficção científica, sim, mas ela é colocada de maneira bem menos explorada do que poderia ser…

Chobits imagem 2
Chi imitando uma cena pornô que viu no vídeo de Hideki

No entanto, se você gosta de comédia e de um pouco romance, esse mangá é lhe agradará em cheio. Se você leu Card Captor Sakura ou Guerreiras Mágicas de Rayearth irá estranhar um pouco Chobits, pois o humor é colocado de uma maneira diferente, abordando outros focos, digamos, mais picantes. Mesmo assim a história prende a atenção e diverte muito.

Vale dizer que não há cenas ecchi fortes. Mas há insinuações sexuais bem claras. Hideki compra revistas pornôs e assiste a vídeos desse tipo. Várias cenas de humor no primeiro volume retratam justamente essa característica e isso se estende pelos demais, embora diminuam com o passar da narrativa.

Mesmo diferente dos mangás mais conhecidos do Clamp, Chobits é uma obra muito boa e divertida de ler. Se você é fã do Clamp não preciso nem dizer que você deve comprar a obra imediatamente. Se você não é fã, mas tiver dinheiro sobrando, acho que deve dar uma chance ao título.

Título: Chobits
Autor: Clamp
ISBN: (volume 1) 978-85-457-0009-8
Formato: 13,5 x 20,5cm
Páginas: 200 páginas
Acabamento: Papel off-set; 4 páginas coloridas em papel couché.
Valor: R$ 16,90
Volumes: 8 ao todo. Ainda em publicação.
Classificação Indicativa: proibido para menores de 16 anos.

16 Comments

  • Sério que você acha o papel de Chobits bom? Cansei de ver “estampas” nas roupas nos personagens de tão baixa gramatura que tem.

    • O papel utilizado é o mesmo que a JBC usa em Yuyu Hakusho e que a Panini usa em Berserk. Comparei com eles e não notei qualquer diferença.

      Você teve essa percepção porque Chobits não usa tons escuros com frequência, então a transparência é natural. Se coleciona Berserk e Yuyu Hakusho (ou qualquer mangá da Newpop) com certeza você verá a mesma transparência quando não há tons escuros.

      Tem gente que não gosta do off-set por causa disso, mas ele é o melhor papel para leitura e conservação do mangá. Ao menos ele é melhor do que o papel utilizado por JBC e Panini em sua linha “normal”.

      • O problema não é o papel, e sim a gramatura, assim como existe no Brite o 48 e o 52, no Off-set existem bem mais gramaturas, e esse que eles usam é de baixa. E isso que é o problema.

    • Sim, isso eu sei. Eu apenas quis enfatizar que é o mesmo papel e a mesma gramatura utilizado em outros mangás (pelo menos eu não percebi diferença nenhuma em relação a Yuyu e Berserk). E para mim está ótimo^^

      Realmente acho muito melhor esse papel off-set utilizado em chobits, yuyu e berserk do que qualquer brite 52g que exista. Mas isso é só minha preferência, cada um tem a sua 🙂

      • Samara Barreira

        Falando em gramaturas, quais então seriam as gramaturas ideais para o papel off-set e para o pisa brite? Eu concordo com você, Kyon… O papel off-set utilizado em Rurouni Kenshin, Card Captor Sakura… Entre outros, é INCOMPARAVELMENTE melhor do que o pisa brite 52g… SEMPRE!

      • Eu acho que algo que custa quase 17 reais devia sair com um off-set de qualidade.

        Poxa, as editoras valorizam tanto o papel jornal que elas usam e dão até esse negócio de 48 e 52. Mas no off-set fica o mistério

    • Não sei exatamente o quanto seria uma gramatura ideal para off-set justamente por eu não sentir diferença.

      Uma pessoa me disse hoje que existe uma diferença entre o off-set usado pela Newpop e o das outras editoras. Basicamente a Newpop usa off-set 90g em todos os mangás (essa informação fica no site da editora), enquanto as outras editoras usam 75g. Não tenho confirmação sobre isso, mas não sinto diferença. O papel de Usagi Drop e Yuyu Hakusho realmente parecem iguaizinhos para mim….

      • Pega então Chobits e compara com Usagi.

        Tem páginas de mangás mesmo em Brite que por causa do fundo e outros detalhes ameniza a transparencia.

        E Yuyu tem muito disso, então não dá pra usar como comparativo.

  • Samara Barreira

    Hm… Mesmo assim, o CLAMP nunca faz shoujo/romances convencionais, convenhamos. E mangá impresso em papel off-set SEMPRE vale a pena, pela durabilidade em relação aos demais materiais. Por mim, todos os mangás seriam impressos neste material. Tenho muitos mangás do CLAMP, quase todos que saíram aqui no Brasil, com exceção de Chobits, X-1999 (eu desejo ter muito este mangá) e Wish. Sabe como é… O dinheiro está curto e não dá para ficar comprando tudo quanto é mangá. O jeito é deixar pra depois, mesmo. Porque mal estou conseguindo colecionar os que já comecei.

  • Dante

    Vocês podiam fazer um artigo sobre o valer a pena ou não da JBC lançar tantos títulos num curto período de tempo (mês) sendo que nem todos são volumes únicos, dando seus pontos de vista etc…

    • Samara Barreira

      Sem falar que a JBC é uma editora mercenária. Alguns títulos como Ztman está com um preço abusivo pelo tipo de material que foi impresso. Nem estou contando as páginas coloridas.

      • Será que ela é mercenária mesmo?

        Então porque não jogou o preço dos mangás populares como Yu Yu Hakusho ou Sailor Moon lá em cima? Obviamente eles venderiam muito, mesmo sendo caros já que são títulos quase indispensáveis. Agora se olharmos para Zetman ele não é tão famoso, desistir dele porque causa do preço alto é muito fácil.

        Se a JBC é mesmo mercenária ela esta fazendo errado, devia cobrar caro em mangás com vendagem certa e barato nos menos populares, já que as pessoas dão prioridade aos mais conhecidos.

    • Samara Barreira

      HUAHUAHUA! Quando eles foram lançados, o Brasil “não estava enfrentando uma crise”. Então, não pareciam tão caros, assim. Agora, que “estamos em crise, tudo é mais caro”. Eu não entendo o preço de Zetman, que foi impresso em um material nitidamente inferior. Também, como eu já vi esse discurso pronto, tem o valor da licença, o tipo de material em que vai ser impresso… Agora, resta saber, no caso dos relançamento, se o fato de já ter sido lançado aqui influi alguma coisa, pois já há um público certo para eles ao contrário de publicações inéditas. E, quanto ao que você disse… Isso não tem o menor sentido. Sendo algo inédito, deveria ser bem mais acessível para quem não conhece. Se o seu comentário tivesse alguma procedência, jamais teríamos um mercado de mangás por aqui, pois poucos iriam comprar com preços tão altos. Enfim…

  • Paulo

    Bom… não achei que era um pouco comedia e romance, até pensei em comprar mas com a vinda Terra Formars e Eden, ainda comprando Berserk, BTOOOM, Magi, Zetsuen e Zer Eterno fica complicado de pegar mais mangás :/

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