A triste viagem no tempo em Puella Magi Madoka Mágica

madoka-layoutHora de análise de uma das maiores surpresas dos últimos anos…

Bom dia, leitores!

Ontem fizemos uma postagem falando de quatro mangás com viagem no tempo que você deveria ler e um dos títulos citados era Puella Magi Madoka Mágica. Não dissemos muita coisa sobre a obra, mas agora viemos dissecar um pouco mais essa história tão cultuada nos últimos tempos.

Esta postagem é mais uma experiência em nossos textos, pois iremos realizar uma análise destacando apenas um ponto específico na história, justamente a questão da viagem no tempo.

Atenção: A ANÁLISE É DESTINADA A QUEM JÁ CONHECE E LEU A OBRA, POIS CONTERÁ TODOS OS SPOILERS DO MUNDO!

NewPOP_Madoka1Preâmbulos e Sinopse

Aos que não sabem, Puella Magi Madoka Mágica nasceu como um animê de doze episódios, dirigido por Gen Urobuchi (autor da novel de Fate/zero), que foi ao ar de janeiro a abril de 2011. O título parecia seguir o esquema básico de um mahou shoujo tradicional, ao estilo Sailor Moon, com meninas lutando contra as bruxas sem muitas preocupações (aparentes). Porém ocorre uma virada na história e a obra se mostra muito mais do que demonstrava ser.

Sinopse: Suicídios sem explicação? Acidentes de trânsito? Mortes de pacientes quase curados? Tudo isso é causado pelo poder das bruxas. Elas causam o mal e estão presentes em todos os lugares. Para combate-las, há apenas uma saída: algumas meninas têm que firmar um contrato com Kyubey e tornarem-se Garotas Mágicas. Em troca, essas garotas receberão como prêmio um desejo concedido.

Em Puella Magi Madoka Mágica seguimos a vida de Madoka Kaname e os dramas causados após descobrir a existência das bruxas e das garotas mágicas. Em meio a outras personagens, temos Homura Akemi e sua tentativa de impedir que Madoka se torne uma garota mágica.

O Animê fez tanto sucesso que gerou adaptações e mais adaptações em mangá, e a série ganhou até mesmo uma revista própria dedicada exclusivamente a ela: a Mangá Time Kirara Mágica. No Brasil, o mangá foi lançado pela Newpop e também fez muito sucesso, ao ponto de a editora trazer a novel e muitos spin-offs da série, como The Differente Story e Oriko Mágica. Hoje analisaremos apenas o mangá principal da série que adapta o mais fielmente possível o animê.

***

I. Protagonista e Protagonista

A protagonista da história não é outra senão Madoka Kaname. Ela é o início e o fim de todo o enredo. É ela quem acompanhamos, amamos (ou odiamos), por quem torcemos e, no fim, por quem ficamos tristes pelo seu desfecho, até certo ponto, inesperado. Porém, a força motriz da história não é Madoka. Toda a narrativa só ocorre por causa da ação de uma única personagem, a aluna transferida Homura Akemi.

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Desde as primeiras páginas do mangá fica evidente a importância que a personagem tem na história e o desejo dela de que Madoka não se transforme em uma garota mágica. Mas por que Akemi não quer que Kaname faça o contrato com Kyubei? E por que ela parece conhecer Madoka há muito tempo?

Inicialmente, a trama não responde significativamente às dúvidas. A história vai nos apresentando, pouco a pouco, equívocos e somente depois desvenda os mistérios. Homura é apresentada como uma personagem malvada e, em certo sentido, sem escrúpulos, pelo fato de ela não trabalhar em grupo e ser muito fria com Madoka, Mami e as demais garotas mágicas. Porém com o passar dos capítulos percebemos que a realidade é muito diferente da aparência.

II. A triste viagem no tempo

No capítulo 10 do mangá a verdade se revela e descobrimos que Akemi é uma garota mágica com o poder de voltar ao passado. Tal qual ocorre em Steins; gate a viagem temporal está relacionada pela teoria das linhas de mundo, no qual ao voltar ao passado “cria-se” uma nova oportunidade de recomeçar…

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Homura, em sua versão tímida…

Entretanto, viajar no tempo não significa alterá-lo e o topos de Steins; gate se repete também em Puella Magi Madoka Mágica. Não importa o que Homura Akemi faça, o final acaba sendo rigorosamente do mesmo jeito. Homura tem como único desejo salvar Madoka e evitar que ela perca a vida ao transformar-se em uma garota mágica. Se em Steins; gate vemos Okabe voltando no tempo inúmeras vezes para tentar salvar Mayuri, aqui é Homura que retorna ao passado para tentar salvar Madoka, mas sem obter sucesso.

Em Steins; gate, Okabe tem a ajuda de seus amigos para modificar as linhas de mundo, conseguir salvar sua amiga de infância e alterar o mundo ao seu favor. Porém, em Madoka Mágica, Akemi está sozinha e enfrenta o problema e as tentativas frustradas sem qualquer pessoa com quem pudesse contar. Sua frieza é o resultado dessas inúmeras voltas ao passado. Embora tenha lutado constantemente para alterar o mundo e salvar Madoka, pouco a pouco a sua personalidade tímida e doce se transformou-se e a fez se tornar a personagem fria que conhecemos no início da história.

A viagem no tempo é retratada de uma maneira muito triste neste mangá. Se realmente é uma dádiva para Homura conseguir o poder de voltar no tempo para salvar sua amiga, essa dádiva se transforma em um pesadelo sem fim para a garota mágica, pois ela jamais consegue impedir Madoka de se transformar em garota mágica e posteriormente ser morta pelas bruxas. Entretanto, a volta ao passado mostra-se ainda mais devastadora no final da narrativa.

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Madoka e o seu desejo…

Sem perspectivas de salvamento, somente a própria Madoka poderia dar um fim àquele ciclo ininterrupto de viagens temporais. Nesta altura, Madoka já estava desesperada pelo horrível destino das garotas mágicas se transformarem posteriormente em bruxas, porém em um gesto de amizade e abnegação Madoka aceita o contrato com Kyubei, transforma-se em garota mágica e pede, em troca, o poder de eliminar a existência das bruxas do passado, do presente e do futuro, antes mesmo que elas despertem.

Tal pedido é grandioso demais e Madoka perde sua humanidade e transforma-se em uma presença da natureza e a única pessoa a lembrar de sua existência é Homura Akemi. O esquema do universo inteiro foi mudado pela ação de Madoka. Ainda existiam garotas mágicas, mas não existiam mais bruxas. Contudo, o final do mangá não pode ser considerado como feliz. O sacrifício de Madoka não elimina o mal do planeta e, por isso, as garotas mágicas continuam a existir para combater essas forças destrutivas.

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O final é triste de verdade e a culpa pode ser creditada ao poder de viagem no tempo. Madoka era tida por Kyubei como possivelmente a maior garota mágica que já existiu e esse poder, descobre-se depois, era advindo da convergência de todas as linhas de mundo pela quais Homura passou na tentativa de salvar a amiga.

Talvez a simples morte fosse o caminho natural e inevitável para Madoka, mas Homura não quis assim e o destino de Madoka acabou sendo muito mais cruel. Já vimos os perigos e as tristezas da viagem temporal em várias obras da ficção,  mas percebemos em Puella Magi Madoka Mágica um nível bem maior. Em Steins; gate, por exemplo, ocorre um happy end, mas aqui isso não existe, aqui é apenas a tristeza pela tristeza…

***

Essa foi a nossa análise de hoje. Ela foi baseada única e exclusivamente no mangá e apenas nele. Em uma comparação como animê, o mangá de Puella Magi Madoka Mágica é muito bom e apresenta basicamente todo o conteúdo passado em sua versão animada. Palmas para o desenhista que soube trabalhar o enredo muito bem…

Biblioteca Brasileira de Mangás

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